As crônicas de Nárnia: A última batalha
Neste livro, se narram os últimos dias de Nárnia quando Tirian era rei em Cair Paravel. Tudo começa quando um velho macaco chamado Manhoso (que vivia no lado ocidental de Nárnia), juntamente com um
burro chamado Confuso, encontram uma pele de leão. Fazendo grandes planos, o macaco veste o seu amigo burro com a pele de leão, e passa a propagar as falsas notícias de que Aslam teria voltado e que ele seria o seu porta-voz.
O macaco então faz uma aliança com os calormanos que agora tinham a chance de conquistar as terras
de Nárnia. O rei Tirian flagra o desmatamento perto do Ermo do Lampião, sendo perpetrado pelos calormanos. Acaba se entregando após matar dois deles, e ao passar a noite amarrado a uma árvore, conseguiu pedir socorro aos amigos de Nárnia (todos aqueles que já haviam entrado em Nárnia, exceto Susana) que se encontram no nosso mundo.
Então os amigos de Nárnia vão até a antiga casa do professor Kirke para recuperar os anéis que haviam utilizado em O Sobrinho do Mago, e tentar ir a socorro de Nárnia e de Tirian. Mas não foi necessário utilizá-los, pois um acidente de trem na estação onde todos estavam esperando, acaba por levar Jill e Eustáquio até Nárnia.
Ambos ajudam o rei a combaterem os planos dos calormanos e do macaco, mas a confusão é instaurada
após o macaco pregar a ideia de que Aslam e Tash são a mesma coisa. Sem perceberem o que faziam, os
calormanos e o macaco acabaram por invocar o verdadeiro Tash.
Durante a luta, Jill, Eustáquio e Tirian são forçados a ir para dentro de um estábulo que na verdade era uma porta para a Verdadeira Nárnia, onde Pedro, Edmundo, Lúcia, Polly e o Professor Kirke estavam. Então Aslam aparece e decreta o fim de Nárnia, tirando as estrelas do céu, mandando dragões comerem as árvores, e por fim trazendo todos os habitantes justos e virtuosos de Nárnia para a Verdadeira Nárnia.
Na Verdadeira Nárnia encontram um calormano chamado Emeth, que apesar de ter seguido por toda a sua
vida a Tash, é reconhecido por Aslam como merecedor de um lugar ali, pois, apesar de ter praticado muitas boas obras em nome de Tash (e de ter servido-o com amor e fidelidade), só Aslam poderia aceitar o que ele tinha feito, porque Tash, que é mau, não podia aceitar coisas boas e resultantes
do amor.
Todos então seguem até chegarem em um lugar muito alto, onde puderam encontrar pessoas que já tinham morrido. Deste lugar podia-se ver outros lugares do mundo de Nárnia e do nosso próprio mundo também. As crianças ficam apreensivas pois no final sempre são mandadas de volta; porém, Aslam os anima pois na verdade tinham morrido ao entrar em Nárnia. Agora Aslam deixava de parecer com um leão e então, como diz o autor, começam as verdadeiras aventuras daqueles que chegaram ali. Apenas Susana foi a única dos irmãos Pevensie a não retornar a Nárnia. Segundo Polly, Susana havia crescido, e a essa altura se preocupava mais com trabalho, estudos, vida social e pessoal, e esqueceu-se da existência de Nárnia e suas aventuras. Portanto, do ponto de vista de Susana, a ida de seus irmãos á Verdadeira Nárnia seria a morte de todos eles no acidente de trem.
Temas cristãos e polêmicas:
A Última Batalha aparece para finalizar o conjunto de paralelos bíblicos presentes em toda a série. Do mesmo modo que O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa está relacionado ao Evangelho, e O Sobrinho
do Mago com a Criação, este livro está relacionado com o Apocalipse, mostrando a destruição de Nárnia e a revelação da Verdadeira Nárnia, onde todos passariam a eternidade.
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Há inclusive um paralelo entre o Anticristo e o velho macaco. Na Bíblia, o Anticristo é também chamado de falso profeta, papel que o velho macaco assume ao se dizer suposto porta-voz de Aslam, usando o inocente amigo burro para isso.
Também são tratados outros temas, como o julgamento, a morte, a salvação e a eternidade. Todos os
habitantes de Nárnia são julgados e apenas aqueles que são considerados justos e virtuosos ganham o direito de ir para a Verdadeira Nárnia através da porta aberta no ar por Aslam.
Lewis aborda questões delicadas sobre a salvação quando fala sobre Susana e o calormano Emeth. Susana não está presente na entrada para a Verdadeira Nárnia, pois, segundo o livro, não era mais amiga de Nárnia por estar mais interessada em lingeries, maquiagens e compromissos sociais.
Alguns entendem isso como uma oposição de Lewis à expressão da sexualidade feminina; outros entendem que isso era consequência de que ela simplesmente "se esqueceu" de Nárnia por preferir as coisas materiais do mundo. De fato, Lewis e seu amigo J. R. R. Tolkien eram grandes opositores do materialismo, o que sustenta com mais força a última hipótese. Há ainda quem defenda que Susana só não entrou na Verdadeira Nárnia por não ter morrido no acidente de trem, e que a hora dela ainda está para chegar.
Há também comentários de que os acontecimentos com Susana seriam um posicionamento machista por parte do próprio Lewis, o que não é muito justificado. Nos outros livros desta série, há personagens femininas centrais como Jill, Polly e Aravis, cujas descrições passam bem longe das ideias machistas.
O mais provável é que Lewis quis demonstrar o que os cristãos, fiéis a Jesus Cristo, iriam se perder ao abandoná-lo por seu próprio prazer.
O livro também mostra que os calormanos são pessoas de pele escura, que usam turbantes e são adoradores de Tash, que é tido como alusão a Satanás, de forma semelhante que Aslam é aludido com Jesus Cristo. Isso leva muitas pessoas a criticarem uma postura discriminatória por parte de Lewis; porém, outra questão delicada relacionada ao calormano Emeth acaba contrariando esta ideia.
Emeth tem a sua entrada para a Verdadeira Nárnia garantida pessoalmente por Aslam, apesar de ele ter confessado que seguiu e venerou Tash a vida toda. Assim Lewis traz a ideia da salvação universal, irrestrita, que é concedida diretamente por Deus e não segundo as prerrogativas dos homens. Concedendo um privilégio tão alto assim a um calormano, quebra-se parte da ideia de racismo. Lewis mostra que, como na crença cristã, se houver arrependimento por parte do pecador, há salvação.
No desfecho da última crônica é mostrado que as famílias podem ser eternas, sendo neste caso ilustrado pelos encontros das famílias dos reis e rainhas de Nárnia, e também da família dos Pevensie.
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